segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sebinho do Rabicó

Mais uma vez, o sebinho do Rabicó foi um sucesso! Vendemos muitos livros para crianças e adultos e ganhamos R$324,65, com os quais compraremos mais livros para a sala de leitura. OBRIGADA A TODOS OS QUE NOS FIZERAM AS DOAÇÕES E TAMBÉM A TODOS OS QUE COMPRARAM!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

OFICINAS GRÁTIS NO TEAR!

ATENÇÃO! O TEAR, uma escolinha de arte que acaba de completar 30 anos, VAI OFERECER OFICINAS GRATUITAS para crianças e adolescentes alunos da rede pública.
ARTES INTEGRADAS (teatro, dança, música, literatura e artes visuais)

Para Crianças de 6 a 8 anos: 4ª e 6ª feira, de 9h às 11h

Para Crianças de 9 a 11 anos: 3ª e 5ª feira, de 9h às 11h
TEATRO e DANÇA

Para adolescentes de 14 a 16 anos: 2ª e 4ª feira, de 14h às 18h
MÚSICA

Para adolescentes de 12 a 16 anos: 2ª e 4ª feira, de 14h às 16h
ARTES VISUAIS E LITERATURA

Para adolescentes de 12 a 14 anos: 2ª e 4ª feira, de 14h às 16h
NÚCLEO DE MÍDIA

Para jovens de 15 a 18 anos: 3ª e 5ª feira, de 14h às 16h
Início das aulas: 15 de março
As oficinas fazem parte do Programa de Formação Artístico-Cultural do TEAR. Para se inscrever é só ligar e marcar a entrevista!
Tel: 55 21 3238-3690/ 2238-4927
Rua Pereira Nunes, 138 – Tijuca - Rio de Janeiro
http://maladiretatear.comunicacaoporemail.net/registra_clique.php?id=H%7C483149%7C55597%7C13214&url=http%3A%2F%2Fwww.institutotear.org.brhttp://mail.uol.com.br/compose?to=tear@institutotear.org.br

Sebinho do Rabicó

Não esqueça: no próximo sábado, dia da reunião de pais, vamos fazer mais um
Sebinho do Rabicó!
Já temos um montão de livros para vender bem baratinho! E com o dinheiro vamos comprar mais
livros novos
para a Sala de Leitura!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A SALA DE LEITURA VAI ABRIR

PESSOAL,
ESTAMOS ORGANIZANDO A SALA DE LEITURA PARA COMEÇAR O ANO. FALTA SÓ UM POUQUINHO. VAMOS ABRIR
LOGO, LOGO!
AGUARDEM!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

QUE LIVRO VOCÊ LEU DURANTE AS FÉRIAS?

As férias são um período muito legal em que a gente viaja, aproveita a praia, o video game, a bicicleta e também aproveita para ler um bom livro. Nossa pesquisa quer saber que livro você leu durante as férias e sua opinião sobre ele. Assim, a gente pode sugerir livros para os colegas e compartilhar as nossas leituras. Então, participe!!!

Clique em COMENTÁRIO, escreva na caixinha o seu nome, sua turma e o nome do livro que você leu, não esquecendo de dizer o que achou dele. Na hora de escolher identidade, escolha anônimo e, por último, clique em publicar comentário. Mas não deixe de colocar seu nome na caixinha para a gente saber quem é que leu o quê, tá?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

VOLTA ÀS AULAS!!!!!

Sejam todos muito bem-vindos à escola outra vez!!!
Teremos um ano cheio de coisas novas para aprender e atividades legais.

Em breve, a Sala de Leitura estará aberta para empréstimos. Aguarde!
Enquanto isso, acesse o nosso blog.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Mais uma história...

Hoje estamos postando a última história desse período de férias. Escolhemos mais uma fábula.
Você conhece essa?

A gansa que punha ovos de ouro

Um homem possuía uma gansa que, toda manhã, punha um ovo de outro. Vendendo estes ovos preciosos ele estava acumulando uma grande fortuna. Quanto mais rico ficava porém, mais avarento1 se tornava. Começou a achar que um ovo só, por dia, era pouco.
"Por que não põe dois ovos, quatro ou cinco?" - pensava ele. "Provavelmente, se eu abrir a barriga desta ave, encontrarei uma centena de ovos e viverei como um nababo2".
Assim pensando, matou a gansa, abriu-lhe a barriga e, naturalmente, nada encontrou.


Quem tudo quer, tudo perde.

(Fábula de Esopo, extraída de O Mundo da Criança, volume 3)


1Aquele que alimenta a paixão de juntar dinheiro. Sovina, pão-duro.

2Homem rico que faz alarde de sua riqueza.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Mais história...

Aí vai mais uma história para você. Desta vez escolhemos uma fábula. Veja se já conhece essa.

O leão e o rato

Uma vez, quando o leão estava dormindo, um ratinho pôs-se a passear em suas costas. Isto logo acordou o leão, que segurou o bichinho com sua enorme pata e abriu a grande mandíbula para engoli-lo.
- Perdão, rei dos animais, gritou o ratinho, Deixe-me ir, não o importunarei mais. Quem sabe se um dia não conseguirei pagar-lhe este favor?
O leão riu-se muito ao pensar na possibilidade de o ratinho ajudá-lo em alguma coisa. Afinal, soltou-o.
Algum tempo depois, o leão caiu numa armadilha. Os caçadores, que desejavam levá-lo vivo ao rei, amarram-no numa árvore, enquanto iam providenciar um vagão para transportá-lo. Nesse momento, apareceu o ratinho. Vendo o apuro em que se encontrava o leão, num instante roeu as cordas que o prendiam à árvore.
- Eu não disse que talvez um dia pudesse ajudá-lo? lembrou o rato.

Os amigos provam-se nas horas difíceis.

(Fábula de Esopo, extraída de "O mundo da Criança", volume 3)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

E ainda mais uma...

Lá vem história outra vez...
E essa é uma lenda indígena. Esperamos que vocês gostem...
Semana que vem tem mais!! Acesse o nosso blog e diga o que você achou da história.

O Sol e a Lua

(lenda indígena)


O Sol tinha acabado de passar um pouco de curare 1 em suas flechas e guardava a zarabatana2 bem à mão, pronto para atirar. Não desgrudava os olhos dos galhos das árvores, prestando atenção ao menor movimento das folhas. De repente, ouviu uma gargalhada que o fez voltar-se. Sem perceber, acabara de passar por um garoto que estava sentado ao pé de uma árvore com dois magníficos papagaios.

O Sol se deteve e resolveu descansar um pouco junto deles. Nem viu o tempo passar e, quando se deu conta, o dia já estava acabando. Não conseguia sair de perto dos dois papagaios que tanto o divertiam. Assim propôs ao menino levar os dois papagaios em troca de seu cocar de plumas. O garoto estava muito preocupado com sua aparência, pois acabara de completar dez anos. Agora já poderia pintar o corpo com urucum e jenipapo. Seus cabelos acabavam de ser cortados e, quando crescessem de novo, ele teria o direito de prendê-los ou fazer tranças. Seria um rapazinho... Já tinha as maçãs do rosto pintadas. Imaginava-se entrando na aldeia com aquele cocar de plumas. Aceitou com alegria o oferecimento do Sol e lá se foi, dançando em direção à aldeia.

O Sol também estava com pressa, louco para mostrar ao seu amigo Lua3 os dois papagaios. O amigo ficou maravilhado com a beleza da plumagem dos pássaros e se divertiu muito com as palavras engraçadas que eles diziam. Assim, resolveu adotar um deles. Escolheu o verde de cabeça amarela e o deixou em sua oca, empoleirado num pedaço de pau que enfiou no chão. O sol também fez um poleiro para seu papagaio e o alimentou com grãos e sementes de todo tipo.

Na manhã seguinte, os amigos Lua e Sol foram pescar. Levaram arco e flecha e também arpões, para o caso de encontrarem o pirarucu, que era seu peixe favorito, mas dificílimo de pegar. Ao anoitecer, voltando para casa, estavam muito cansados e não tiveram forças para preparar os peixes que haviam pescado. Deitaram-se nas esteiras e logo dormiram. Os papagaios pareciam tristes por vê-los assim, e naquela noite ficaram em silêncio.

Nos dias que se seguiram, o Sol e seu companheiro Lua não conseguiam entender por que os papagaios estavam tão tristes. Quando os pegavam nas mãos para que se empoleirassem nos dedos, tentando ensiná-los a falar, os pássaros pareciam não mais se divertir.

Mas um dia, ao voltarem da caça, tiveram um dupla surpresa. Primeiro,os papagaios foram ao encontro deles, falando como nunca. Saltitavam de um ombro para outro, como se quisessem cantar e dançar. Dentro da oca, uma surpresa ainda maior os aguardava: junto ao fogo havia duas grandes vasilhas com cassaripe4 fumegante! Quem teria preparado a comida? Eles se sentaram, comeram todo o delicioso pirão e se deitaram. Mas não conseguiam dormir. Que mistério! Os papagaios os olhavam com um ar divertido. Se pudessem falar, será que poderiam contar o que havia acontecido?

No dia seguinte, quando foram caçar, os dois tinham a cabeça cheia de perguntas sem respostas. Enquanto isso, na oca, acontecia uma cena estranha.

Os dois papagaios se transformavam pouco a pouco em duas moças encantadoras, de cabelos longos, pretos e brilhantes como a noite sob a chuva. Quando a metamorfose5 se completou, uma delas se escondeu perto da porta para ver quando os dois amigos voltavam, enquanto a outra preparava a refeição.

- Depressa, não temos muito tempo! Hoje eles disseram que chegariam mais cedo. Temos de acabar antes que voltem. Quando chegam da caça, eles vêm tão cansados!

E que surpresa tiveram os dois mais uma vez! Resolveram que no dia seguinte voltariam mais cedo e entrariam escondido pelos fundos. Dito e feito: deslumbrados com a beleza das duas moças apaixonaram-se por elas e suplicaram que nunca mais se transformassem em papagaios de novo. Fizeram um grande festa para celebrar os casamentos. Mas a casa havia ficado pequena demais para quatro pessoas, e por isso decidiram se revezar para ocupá-la. O Sol e sua mulher escolheram o dia. Lua aceitou a noite. É por isso que nunca vemos o Sol e a Lua ao mesmo tempo no céu.

1Veneno muito forte preparado pelos índios sul-americanos, para envenenar flechas.

2Canudo comprido pelo qual se arremessam, com sopro, setas, bolinhas e outros projéteis.

3Na mitologia dos índios da Amazônia, a lua é frequentemente representada na forma de um rapaz.

4Alimento que se obtém deixando cozinhar e engrossar a água onde se lava a mandioca, temperada com pimenta, e na qual se opõe para cozinhar todo tipo de carne em pedaços, peixes, frutinhas, raízes, insetos e larvas.

5Transformação.


(Lenda indígena extraída de A Amazônia – mitos e lendas. Editora Ática, 1997)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

E lá vem mais uma...

Hoje é 3a. feira, dia de uma nova história!
Gostou das duas primeiras? Então, faça seu comentário e recomende o nosso blog para os seus amigos.
Hoje, temos mais uma. Aproveite!!!
Esta é uma história popular da Holanda, cujo personagem principal é um espertalhão parecido com o nosso Pedro Malasarte.
Ao final, você pode encontrar o significado de algumas palavras ou expressões, tá?
Aí vai...

Tyl Uilenspiegel


Um dia, Til Uilenspiegel 1 chegou a uma cidade que era sede de uma universidade famosa. Tinha muita fome e era bastante preguiçoso. Portanto, pôs a inteligência a funcionar a fim de conseguir alimento e moradia, sem trabalhar para obtê-los.

Fez com que um dos arautos2 da cidade gritasse na praça do mercado que ele, Tyl Uilenspiegel, poderia ensinar um burro a ler e a falar em dois anos, se alguém lhe desse um burro e o alimentasse e abrigasse, bem como a ele próprio durante esses dois anos.

Ora, o reitor da universidade, que tinha ouvido falar de Tyl antes daquilo, e sabia ser ele um sujeito muito esperto, resolveu dar-lhe uma oportunidade de provar que era esperto até aquele ponto. Mandou chamá-lo, disse-lhe que escolhesse ele próprio um burro, e concordou em alimentá-lo e alojá-lo, bem como ao animal, durante os dois anos.

Tyl escolheu o burro mais velho que pode encontrar e colocou-o num estábulo próximo. No dia seguinte comprou uma gramática de tamanho bem grande e colocou alguns grãos de aveia entre as folhas, deixando o livro aberto na primeira página, perto do burro. O animal engoliu depressa a aveia e, sentindo, pelo faro, que havia mais, empurrou com o focinho a página seguinte, e a seguinte, e a seguinte, até ter lambido página por página, sem deixar um só grão. Todos os dias Tyl colocava a gramática com a aveia diante do burro, até que o animal aprendesse a virar as páginas com o focinho, muito habilmente.

Quando o reitor da universidade perguntou, algum tempo depois, como ia o burro com seus estudos, Tyl levou-o ao estábulo, onde colocou a gramática diante do animal. O burro começou, imediatamente, a virar as folhas, à procura da aveia.

- Como o senhor vê – disse Tyl – ele está lendo o livro, embora ainda não possa falar, a não ser as letras “a” e “e”.

Nesse momento, o burro, desapontado por não encontrar o seu alimento habitual, zurrou, melancolicamente: “EEEEEEAAAAAAA!”

O reitor deixou o estábulo quase convencido de que Tyl realmente estava ensinando o burro a falar.

Alguns dias depois o burro morreu de tão velho, o que, naturalmente, libertou Tyl do compromisso assumido.

Mudou-se ele, então, para outra cidade, mas, infelizmente, as coisas ali não lhe correram tão bem. O preguiçoso espertalhão de há muito não trabalhava, e suas roupas estavam tão desfiadas quanto o estômago estava desguarnecido. Assim, num dia de ventania, empregou-se como auxiliar de um padeiro. Pensava que trabalhando numa padaria pelo menos estaria aquecido, confortável, e teria bastante que comer.

Durante algum tempo seu patrão mostrou-se satisfeito com o trabalho dele, mas Tyl jamais podia conservar-se tranquilo por um prazo muito longo e depressa estava fazendo de novo suas trapaças.

Certa noite, o padeiro disse a Tyl que peneirasse um saco de farinha.

- Precisarei de uma vela para fazer esse trabalho, patrão – disse Tyl.

- Uma vela! - exclamou o padeiro, que era um grande avarento. - Ora, meu rapaz, bem podes peneirar a farinha à luz do luar.

- Está certo, patrão! - respondeu Tyl, com um brilho de malícia3 nos olhos.

Desceu à adega, apanhou o saco de farinha e uma peneira, e levou as duas coisas para o quartinho em que dormia. Abriu de par em par a janela. A lua cheia cintilava, bem brilhante, e a noite estava quase tão clara quanto o dia.

- Peneirar à luz do luar, hein? - murmurou Tyl. - Pois muito bem, seu unha-de-fome de uma figa. Aí vai!

Segurou a peneira do lado de fora da janela e peneirou a farinha, aos punhados, através dela. Estava fazendo exatamente o que lhe haviam ordenado, não estava? Peneirava a farinha à luz do luar...

Quando, na manhã seguinte, o padeiro abriu a janela de seu próprio quarto, pensou, de início, que havia nevado durante a noite. Mas que bom soco deu nos ouvidos de Tyl ao descobrir o que o velhaco fizera àquela boa farinha de trigo, espalhando-a por toda parte!

Depois disso, as coisas correram tranquilamente durante um certo tempo, até que Tyl começou de novo a ficar com vontade de fazer uma das suas.

Um dia, o padeiro lhe disse que ia a uma festa nupcial4. Tyl estivera esperando que o patrão consentisse que ele fosse também, mas o que recebeu foi uma ordem para ficar e tomar conta da padaria.

- A massa está pronta. Só tens de cozê-la – disse o padeiro.

Tyl, que sabia muito bem o que era necessário fazer, isto é, que devia fazer os pães de costume com aquela massa, perguntou, com ar inocente:

- De que jeito devo cozê-la, patrão?

O patrão, que já estava atrasado e impaciente, respondeu, saindo:

- Podes bem fazer gatos e cachorros!

Tyl , querendo uma oportunidade para se vingar do padeiro que o deixava trabalhando enquanto ia se divertir, resolveu seguir ao pé da letra as instruções dele.

Quando o padeiro voltou, encontrou a padaria cheia de gatos e cachorros! Tyl modelara a massa na forma daqueles animais e assim a levara ao forno.

Bem, o padeiro deu-lhe uma boa surra, declarando que ele teria de pagar pela massa perdida.

Ora, Tyl sabia que estavam em véspera de Natal, ou antes, como dizem lá, de São Nicolau. Pagou o valor da massa ao padeiro, colocou seus gatos e cachorros numa grande cesta e foi vendê-los diante da igreja. As pessoas, dispostas para festa, gostaram tanto dos modelos inesperados que num instante Tyl havia vendido tudo quanto trouxera, e com bom lucro.

Desde então, os padeiros de toda a Holanda modelam os pães no feitio de gatos e cachorros para o dia de São Nicolau. São animais feitos de pão de gengibre, que todos comem com café.


(Extraído do livro Lendas do Mundo Inteiro - Coleção Clássicos da Infância - Círculo do Livro)


1A figura de Tyl Uilenspiegel é popular nas lendas e contos holandeses, uma espécie do nosso Pedro Malasarte.

2 Não existindo imprensa nem rádio, os avisos tinham de ser dados ao povo por meio de arautos que levavam escrita a proclamação e liam-na nos cruzamentos das ruas, depois de terem atraído a atenção do povo com toques de clarim ou batidas de tambor. Os arautos também tinham o dever de proclamar a paz ou a guerra, de levar desafios para combates e portar mensagens de um soberano para outro.

3Maldade.

4De casamento.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Lá vem história outra vez...

Hoje é terça-feira, dia 11 de janeiro e, portanto, dia de história outra vez! Aí vai. Aproveite e comente ao final da leitura, ok? Nesta história há várias palavras que você, provavelmente, não conhece, então, ao final, nós colocamos o significado delas. Boa leitura!!!
Aguarde a próxima história na 3a. feira que vem!!!

O cameleiro espertinho

Quando Samussa, o cameleiro, sentiu chegar a morte, chamou à cabeceira o filho Kitir.

Você está sozinho no mundo e sem um tostão, meu pobre filho. Minha casa está caindo em ruínas, você sabe, e tive de vender meu rebanho para sobreviver. Só lhe deixo como herança um velho camelo, que só serve mesmo para melhorar a chorba1 do dia a dia. Portanto, siga o meu conselho: não fique aqui onde a miséria é muito grande. Vá procurar fortuna nas terras distantes, onde a vida é menos dura e o céu mais clemente.”

Como filho respeitoso, Kitir, que tinha catorze anos e era tão baixinho que não passava o tamanho de um narguilé2, fez o que o pai disse. Depois do enterro, montou no velho camelo e se juntou a uma caravana que atravessava o deserto em direção ao norte.

Após vários dias de marcha exaustiva sob um sol escaldante, os viajantes chegaram a um oásis onde montaram o acampamento. Enquanto todos se acotovelavam em torno do poço para beber água, Kitir viu um homem de barba branca sentado debaixo de uma palmeira, que olhava invejoso para eles.

Está com sede, vovô?”, ele lhe perguntou.

Minha boca está tão seca quanto a areia das colinas”, respondeu o velhinho.

Então me dê sua bilha3 para que eu vá enchê-la”.

O velho balançou tristemente a cabeça.

Ai de mim, ela está furada e não tenho outra.”

Diante de tanta miséria, o coração de Kitir encheu-se de pena.

Quer dividir a minha?, propôs.

E, sem esperar aquiescência4 aproximou sua bilha dos lábios do pobre homem e o fez beber.

Ora, o homem era um mágico que se apresentava sob essa aparência para testá-lo.

Sua generosidade acaba de salvá-lo, assim como aos seus companheiros de viagem”, ele disse ao rapaz. “Escute bem o que lhe digo: amanhã a caravana chegará a uma cidade chamada Kolkara, palavra que na língua berbere5, significa ”cidade do medo”. Vocês terão de atravessá-la para continuar o caminho. Ora, ela é guardada por um gigante de duas cabeças, sendo que uma olha para a esquerda e a outra para a direita a fim de que nada escape à sua vigilância. Esse gigante devora todos os que passam ao seu alcance, como demonstram os milhares de esqueletos que cobrem o chão em torno dele.”

Ao ouvir essas palavras, Kitir começou a tremer.

Não há nenhuma maneira de desviar a atenção dele?”, perguntou.

Só uma: apresentar-lhe uma adivinhação a qual ele não consiga responder.”

Infelizmente, não conheço nenhuma”, suspirou o rapaz.

O velho remexeu seus farrapos e deles tirou uma amêndoa seca.

O que há dentro dessa casca?, perguntou.

Uma fruta”, respondeu Kitir.

Não”, disse o velhinho, “pois há muito tempo os vermes a comeram.”

Então, vermes?”

Não, pois por falta de comida eles morreram e estão reduzidos a pó.”

Então, pó?”

Não, pois o tempo fez desaparecer.”

Kitir coçou a testa, perplexo.

Nesse caso, não há nada.”

Você se engana, 'nada' não existe.”

O rapaz, que não tinha outra ideia deu-se por vencido.

A resposta é: o escuro”, disse o velho.

E entregando-lhe a amêndoa, desapareceu.

No dia seguinte, a caravana chegou às portas de Kolkara e foi parada pelo gigante de duas cabeças. Dá para imaginar o terror de todos quando viram o monstro e os milhares de esqueletos que cobriam o chão em torno dele! Acreditando que a derradeira6 hora chegara, rezaram para Alá e pediram que os acolhesse em seu paraíso; foi quando Kitir se adiantou, brandindo7 a amêndoa.

O que há dentro desta casca?”, perguntou ao gigante.

Ele, que se preparava para devorar suas primeiras vítimas, logo as soltou.

Uma fruta”, respondeu.

Não”, disse Kitir “pois há muito tempo os vermes a comeram.”

Então, vermes?”

Kitir balançou a cabeça.

Não, pois por falta de comida eles morreram e foram reduzidos a pó”.

Então, pó?”

Não, pois o tempo o fez desaparecer.”

O gigante coçou as duas cabeças. Perplexo.

Nesse caso, não há nada.”

Você se engana: 'nada' não existe.”

O gigante refletiu e, em seguida, um largo sorriso iluminou seus dois rostos, mostrando dentes pontudos maiores que o dedo e todos vermelhos de sangue.

Já sei!”, gritou. “É o escuro!”

Esse monstro é mais esperto do que eu imaginava pensou com seus botões o astucioso8 Kitir. Mas para um esperto, esperto e meio!

Sua resposta está errada”, declarou.

Está certa”, protestou o gigante.

Vamos verificar!”

E quebrou a amêndoa.

Onde está o escuro?, perguntou.

Eu o vi fugir quando a luz entrou dentro da casca”, respondeu o gigante.

Então, encontre-o!”

O gigante começou a correr para um lado e para o outro, à procura do escuro perdido.

Ele se refugiou ali”, garantiu de repente, ao avistar um buraquinho no chão. “Vejo-o daqui, escondido no fundo!”

Se quiser que eu acredite, agarre-o e me mostre!”, disse Kitir.

Logo o gigante começou a encolher, encolher, até ficar do tamanho de um ratinho. Depois,pulou para dentro do buraco, que o rapaz tratou de tampar com uma grande pedra, prendendo-o assim nas entranhas da terra.

Logo em seguida, a Cidade do Medo, libertada de seu opressor, fez uma festa para os caravaneiros. Kitir foi carregado triunfalmente, e o rei dessa cidade, que não tinha filho, o adotou. Alguns anos depois o filho do cameleiro o sucedeu no trono e se revelou um soberano tão sábio que, sob seu reino, Kolkara mudou de nome e se tornou Abukara - o que, na língua berbere, significa “cidade da felicidade”.


(Conto das mil e uma noites, recontado por Gudule. Extraído do livro Contos e lendas das Mil e Uma Noites, da Companhia das Letras.)

1Sopa.

2Espécie de cachimbo.

3Vaso de barro com gargalo curto e estreito

4Concordância.

5Povo nômade da África.

6Última.

7Sacudindo.

8Que tem astúcia, esperteza.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Lá vem história...

Como prometemos, estamos postando hoje a primeira história do mês de janeiro. Terça-feira que vem tem mais! Aguarde!!!
Boa leitura e boas férias!!!

Não esqueça de postar sua opinião sobre a história lida depois, tá? É só clicar em comentários e escrever. Não esqueça de colocar seu nome e turma (em 2010), tá?


O galo e o rei

Era uma vez uma mulher que tinha um galo. Ela era tão pobre que não podia nem comprar uma galinha para fazer companhia a ele. Mas tratava muito bem o galo, preferindo passar fome a deixar de alimentá-lo.

Certo dia, quando ciscava pela rua, o galo achou uma bolsa repleta de moedas de ouro. “Vou levar esse tesouro à minha querida patroa”, pensou. Mas, no caminho de casa, encontrou o rei, que, ao ver a bolsa no seu bico, ordenou ao pajem:

- Apanhe já aquele galo para mim.

O pajem rapidamente pegou o galo e lhe arrancou a bolsa do bico entregando-a ao rei. O galo, furioso, disse consigo mesmo: “Amanhã irei até o palácio real. Tenho que recuperar a bolsa com o tesouro! Custe o que custar!”

No caminho para o palácio, o galo encontrou a raposa, que, ao saber do acontecido, se ofereceu para acompanhá-lo. Mas, pouco depois, a raposa sentiu-se cansada e o galo se propôs a carregá-la sob a asa. O galo e a raposa iam pela estrada quando encontraram uma abelha.

- Aonde vão vocês? - ela quis saber.

Quando o galo e a raposa lhe contaram sobre a bolsa roubada pelo rei, a abelha decidiu acompanhá-los. Mas logo se cansou de voar e pediu ao galo que a levasse debaixo de sua asa. Assim, o galo, a raposa e a a abelha prosseguiram viagem até que chegaram a um riacho.

-Aonde vão vocês? - quis saber o riacho. Quando lhe contaram sobre a bolsa roubada pelo rei, o riacho decidiu acompanhá-los, No meio do caminho ele se cansou e o galo o guardou debaixo da asa. Finalmente chegaram ao palácio.

- Vim recuperar a bolsa que Sua Majestade tirou de mim! - declarou o galo.

- Amanhã eu a devolvo – disse o rei e mandou-o para o galinheiro.

Acontece que as galinhas do rei tinham recebido ordens para matá-lo a bicadas. Avançaram contra o pobre galo, mas ele pediu:

- Socorro, raposa!

A raposa saiu de sob a asa do galo e rapidamente comeu as galinhas.

Quando o rei viu que o galo tinha sobrevivido, ficou furioso e investiu contra ele para matá-lo com as próprias mãos. Mas o galo pediu:

- Socorro, dona abelha!

A abelha saiu picando o rei que, chamando seus lacaios, gritou:

- Matem esse galo!

E o galo pediu:

- Socorro, meu amigo riacho!

O riacho saiu de sob a asa do galo, inundou o palácio e salvou a vida dele.

O rei percebeu que havia perdido a parada. Devolveu a bosa ao galo e o libertou.

O galo correu para sua dona e entregou-lhe o tesouro.

E foi assim que uma mulher tão pobre, que não podia nem comprar uma galinha, ficou muito rica com a ajuda de um galo que venceu um rei com a ajuda de uma abelha, uma raposa e um riacho!


(História do folclore francês – recontada por Heloísa Prieto. Extraída do livro Lá vem história, da Companhia das Letrinhas)